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Recente edição da revista científica britânica Nature, uma das mais conceituadas do mundo, publicou pesquisa inédita coordenada pelos cientistas da Petrobras, Leonardo R. Tedeschi e Milene Figueiredo, que revelou que a idade geológica conhecida como Aptiano, marcada por fenômenos climáticos extremos, durou menos tempo do que se supunha: ela começou há 120,2 milhões de anos (e não há 125 milhões de anos, como se pensava), com término há 113 milhões de anos.

O estudo foi conduzido em parceria com especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), do Observatório Nacional (ON), da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), além de pesquisadores italianos e franceses.

Ao revisitarem o passado geológico desse período, com a análise detalhada das variações climáticas registradas em amostras de rochas estudadas, os cientistas puderam estabelecer o novo marco cronológico para o início do Aptiano.

Esse tipo de descoberta permite aprimorar os modelos geológicos das rochas do pré-sal e pós-sal – gerados pelos exploracionistas e geólogos de reservatórios –, que subsidiam a tomada de decisão acerca da locação de poços exploratórios e de desenvolvimento. Dessa forma, com modelos mais acurados, a Petrobras reduz os riscos e os custos dessas atividades, contribuindo para aumento de reservas e das curvas de produção de óleo.

Fenômenos climáticos

A pesquisa trouxe à tona ainda a duração dos fenômenos climáticos que marcaram esse período (denominados eventos anóxicos globais).

As origens desses fenômenos estão associadas a atividades vulcânicas com intensidade entre as maiores da história da Terra, com a consequente liberação expressiva de gás carbônico e/ou metano para a atmosfera, provocando aquecimento global e acidificação dos oceanos. Essas mudanças exigiram uma adaptação da vida no planeta e levaram à extinção de algumas espécies, assim como à proliferação de outras.

“Tudo isso aconteceu naturalmente, sem a presença humana na Terra, ao longo de milhares de anos. Dessa forma, nossa pesquisa aponta tendências para onde a humanidade caminha caso as variações climáticas sejam intensificadas e serve como insumo importante para os pesquisadores do clima. Parte das rochas que produzem óleo da seção pré-sal e da fronteira exploratória da Margem Equatorial foi depositada no Aptiano e demonstra a motivação econômica de compreender essa idade geológica. ”, afirmou Tedeschi.

“Entender nosso passado geológico é a chave para nos prepararmos melhor para nosso futuro e nos adaptarmos a ele. Por meio do estudo das rochas, nossa pesquisa mostrou o padrão e das mudanças climáticas da Terra, ao longo do tempo geológico, sem influência humana. Antecipar o ritmo e o alcance das mudanças daqui pra frente será o desafio sobre o qual os cientistas do clima terão que se debruçar”, conclui Milene.

Projeção da ciência brasileira

Milene Figueiredo é geóloga da Petrobras, graduada pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), com mestrado e doutorado pela USP e “doutorado sanduíche” pela Universidade de Maryland (EUA).

Embora especialista em Quimioestratigrafia e Geocronologia, ela liderou os estudos de Magnetoestratigrafia na Petrobras e assumiu, recentemente, a presidência da Comissão Brasileira de Estratigrafia, que reúne especialistas de várias universidades e empresas em torno do tema.

“A publicação de um trabalho na Nature é o sonho de todo cientista do mundo e um marco na minha carreira. A revista só publica artigos que estabeleçam novos paradigmas científicos, com alta relevância internacional.”, disse ela.

Leonardo R. Tedeschi também é geólogo da Petrobras, graduado em Engenharia Geológica pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), com mestrado em Engenharia Ambiental pela mesma instituição. É pós-graduado em Geologia do Petróleo pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e doutor em Earth Sciences pela University of Oxford.

Pela companhia, participou da consolidação da Estratigrafia Química aplicada à exploração do pré-sal e liderou a Iniciativa tecnológica de avaliação dos sistemas petrolíferos do pré-sal. Atualmente, é gerente setorial da Cronoestratigrafia do Centro de Pesquisas e Inovação da Petrobras (Cenpes).

“A publicação desse artigo é a realização de um sonho e um motivo de orgulho para a equipe de autores, além de contribuir para a projeção da ciência brasileira e a compreensão de uma idade geológica, cujo entendimento tem importância econômica para a área de Exploração e Produção no Brasil”, finalizou Tedeschi.

A pesquisa está disponível no site da Nature: https://www.nature.com/articles/s41467-022-30075-3

Chiessi
Jornalista do Prime Times, Beatriz Chiessi é formada em Gestão Empresarial e possui MBA em Jornalismo Digital. Especialista na produção de conteúdo há 5 anos.

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