Divulgação
0

*Por Melina Alves

Nem bem o PIX foi lançado e os números preliminares já dão uma dimensão que a maneira como entendemos o mercado financeiro está a beira de uma transformação. Na primeira semana de operação, o PIX, o sistema de pagamento instantâneo do Banco Central (BaCen), movimentou cerca de R$ 11,8 bilhões em negociações e já são em torno de 82 milhões de chaves contratadas por mais de 36 milhões de pessoas.

Por tais dados já dá para afirmar que a tendência é mesmo desburocratizar o tradicional sistema financeiro que, embora tenha nos mostrado que a internet é um local seguro para realizar transações monetárias, traz também alguns limites, como acesso restrito ao expediente bancário e aplicações oferecidas apenas pela agência contratada.

Esta nova possibilidade que se abre ao brasileiro -e, ao que tudo indica, já foi bem aceita- é, na prática, o primeiro passo de um universo que deve começar a se destrinchar em 2021: o open banking. Como o próprio nome diz, será um banco aberto, mediado por tecnologias e gestão segura dos dados dos clientes, que terá por objetivo dar mais liberdade para as pessoas contratarem um produto financeiro de forma rápida, transparente e segura, não mais restringindo-o às plataformas dos bancos.

O conceito do aberto pode incomodar à primeira vista, mas é uma técnica muito utilizada na internet chamada API (Application Programming Interface, em inglês), uma interface de programação que concede o acesso a informações já cadastradas entre os canais.

Open Banking com foco no cliente!

É o que acontece, por exemplo, com o Google Maps, amplamente utilizado e que permite a vários aplicativos e plataformas conectá-lo de maneira segura e imediata; ou quando, ao fazer o cadastro em um novo serviço pela internet, ao invés de preenchermos o formulário de associação, já o acessamos por meio de uma rede social e, assim, agilizamos nosso login.

Será este o mecanismo que irá guiar o open banking, assegurado pela Lei Geral da Proteção de Dados (LGPD). Ela determina que toda informação sobre uma pessoa é propriedade exclusivamente dela e que, portanto, somente ela pode disponibilizar os dados a terceiros se julgar interessante. Sendo assim, uma vez liberado o acesso a todo o histórico bancário, as instituições financeiras, que estejam sob a regulamentação do open banking, podem utilizar essas informações de forma a oferecer serviços personalizados.

A tendência é que a competitividade aumente, promovendo, assim, uma melhora na experiência final, facilitando a contratação e criação de soluções e serviços que atendam melhor às necessidades individuais. Para o Banco Central, será um incentivo à inovação, à concorrência no setor, ao aumento da eficiência do Sistema Financeiro Nacional e Sistema de Pagamento Brasileiro e à promoção e consolidação da cidadania financeira, que ‘é o exercício de direitos e deveres que permite ao cidadão gerenciar bem seus recursos financeiros’, como definido pela instituição. Trocando em miúdos, o BaCen quer dar consistência à democratização financeira através da evolução tecnológica e desenvolver aspectos estruturais do sistema financeiro.

Se a tecnologia digital já havia se estabelecido no cotidiano da maioria das pessoas e empresas, o isolamento social promovido pela pandemia acelerou a entrada daqueles que ainda tinham a ideia de que a digitalização era uma opção e a forma como elas passaram a lidar com o dinheiro foi uma das bruscas transformações que assistimos nos últimos meses. Dados de uma pesquisa da Federação Brasileira de Bancos e da consultoria Deloitte apontaram que 74% das transações financeiras realizadas por pessoas físicas em abril foram por meio dos canais digitais e de 2015 para 2019 o percentual de transações via smartphone saltou de 20 para 44 no que tange o total daquelas realizadas em todos os canais.

E mais: outra pesquisa, realizada pela Mastercard, revelou que 77% dos brasileiros reduziram ou deixaram de usar o dinheiro em espécie e houve um aumento de 66% na utilização da tecnologia de aproximação, justificado pela pandemia por 69% das pessoas. A projeção é clara segundo os dados da operadora de cartão: 75% dos entrevistados pretendem seguir pagando “sem dinheiro vivo” e 88% dizem que esse método é mais conveniente.

O que se desdobra, então, é um terreno extremamente fértil para as fintechs, que poderão aumentar a carteira de clientes através de produtos e serviços inovadores e customizados. Longe de uma ameaça, o futuro que já vem chegando é uma oportunidade de repensar o sistema sob a ótica das pessoas, buscando oferecer a melhor experiência possível, afinal, é no usuário que deve estar centrado a inovação de cada projeto desenvolvido.

Redação
Equipe de Redação

Infobip anuncia Craig Charles Webster como head de Marketing das Américas

Artigo Anterior

Militec Brasil mostra Carros elétricos chineses

Próximo Artigo

Veja também

Mais sobre Negócios