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*Por Marcelo Trevisani, CMO da IBM

O mundo em que vivemos nos coloca, diariamente, alguns desafios. Do lado corporativo, como já defendi em outros artigos que escrevi, vejo que o principal deles é a transformação digital.

Porém, ela não vem sozinha. Uma empresa que, nesse caminho, não tenha ou não incorpore liderança digital entre seus colaboradores, de nada terá efeitos em todo o restante que venha a ser realizado.

A transformação digital é um processo que, de forma consciente ou inconsciente, a sociedade vem vivendo, ao apresentar, por exemplo, novas formas de interação e consumo entre si.

E justamente esse novo comportamento é o que, na minha visão, está dando a oportunidade para que as empresas se adequem a essas novas demandas de consumo de forma digital.

Ser líder é um grande desafio

Isso posto, vejo que ser líder em uma empresa também passou a ser um novo desafio, pois chegou o momento em que é necessário adotar novas formas de pensar, orientar e se relacionar com cada equipe e/ou departamento da empresa.

Além disso, também entender e se relacionar com cada consumidor, já que é fato que o hábito do consumo mudou radicalmente nos últimos anos, e grande parte permanecerá sendo digital.

Encontrar um equilíbrio entre essas habilidades é o que permitirá ao líder e à empresa trilhar seu caminho rumo à transformação e liderança digital.

Paralelo a isso, também existe um termo no mercado que pode corroborar o que estou falando.

Trata-se da Liderança 4.0. Criado por Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial (FEM), e apresentado no livro A Quarta Revolução Industrial, o economista defende que o termo é fruto da forte transformação digital que estamos vivendo e que, se líderes e gestores não se adaptarem a esta nova demanda da sociedade e do mundo, a empresa em que trabalham, certamente, ficará para trás.

Chega, então, o momento em que os líderes precisam entender qual o impacto que a não liderança digital terá para a empresa, entender todo o contexto – interno e externo – em que uma empresa se encontra, dos resultados aos possíveis prejuízos financeiros, do estagiário ao CEO.

Um artigo publicado pela MIT Sloan Management Review, em 2021, chamado “Does your C-Suite have enough digital smarts?” (na tradução livre, Seu C-Suite tem inteligência digital suficiente?) apresenta alguns dados sobre este assunto que aqui estamos abordando e que acho muito interessante.

O artigo apresenta um gráfico mostrando os principais impactos econômicos sob as empresas quando os líderes executam suas estratégias no segmento digital e, dentro disso, destaco o aumento em 85% na criação de uma cultura digital interna e no incentivo à inovação.

E é justamente esse resultado que nos prova a força que o digital tem sobre nós. Então, tudo precisa estar em equilíbrio.

Adaptação tecnológica

Uma tarefa difícil? Sim. Mas não é impossível. De um lado, está a demanda pela adaptação tecnológica e processual da organização. Do outro, todos os recursos e ferramentas que podemos encontrar a nosso favor.

Além disso, a publicação apresenta, ainda, mais alguns dados que acho importante ressaltar.

Primeiro, o efeito que existe quando membros de alto nível de uma empresa possuem conhecimento digital. Um CEO com experiência digital está associado a um aumento de 0,8pp no crescimento da receita.

Já as empresas que trabalham para unir as experiências de trabalho de um CEO, CMO com CFO, com foco no digital, chegam a alcançar o índice de 6,7pp na receita financeira da empresa.

A MIT também divulgou os resultados de uma pesquisa realizada para a matéria, indicando o quanto cada posição de liderança em uma empresa ocupa no cenário digital.

Em primeiro lugar, está o cargo de CTO (Chief Technical Officer – Diretor Técnico, em tradução livre), com 47%, seguido por CIO (Chief Information Officer – Diretor de Tecnologia da Informação, em tradução livre), com 45%. A posição de CEO fica 5º lugar e a de CMO em 6º.

Isso mostra que, quando um líder entende o potencial e os benefícios que “ser digital” pode trazer, é muito importante que ele multiplique isso internamente, pois é nítido o impacto financeiro totalmente positivo que tal atitude pode trazer.

Acredito que a combinação entre uma visão estratégica e habilidades financeiras bem desenvolvidas possam ser a peça-chave para o desempenho e posicionamento de uma empresa.

No cenário digital que em estamos, a inovação e a transformação de um negócio com foco na tecnologia podem ser essenciais, principalmente, no processo de atendimento ao cliente, alcançando, assim, um melhor desempenho no mercado.

Fiz questão de nomear este artigo com uma frase que considero uma premissa durante minha trajetória profissional: “quando a liderança é digital, o retorno para o negócio é certo”.

Parece clichê, mas é fundamental que as empresas entendam o porquê e como podem fazer para se adequarem a estas demandas de mercado, tão tecnológicas.

Acreditar quais os frutos a curto, médio e longo prazo poderão “receber” se fizerem parte deste nicho que, futuramente, se tornará uma obrigatoriedade para quem quiser manter uma posição no mercado, é essencial.

Como permanecer inserido no mercado?

Então, para finalizar, quero deixar alguns pensamentos que, na minha visão, podem ser importantes para quem quiser permanecer inserido no mercado:

  1. Identifique e estabeleça o potencial digital entre os cargos mais altos: no aspecto liderança, acredito que as pessoas que ocupem cargos como CEO, CFO, CMO, CIO, por exemplo, devem ser consideradas como as principais a estarem capacitadas, o máximo possível, digitalmente. São elas, principalmente, o CEO, quem conduzem a empresa externamente, portanto, precisam apresentar o alinhamento necessário para alcançar grandes resultados.
  2. Identifique e estabeleça o potencial digital entre sua equipe: além dos altos cargos, é muito importante que todos os colaboradores sejam capazes e, se necessário, capacitados digitalmente. Isso pode ser um diferencial ao final do mês, pois são essas habilidades que podem trazer resultados ainda melhores em comparação às empresas que não estejam assim capacitadas;
  3. Multiplique este esforço: à medida que, verticalmente, as equipes de alto escalão estejam devidamente transformadas digitalmente, busque multiplicar a ideia. Uma empresa totalmente alinhada pode trazer resultados sempre melhores.

Por mais que, infelizmente, estejamos atravessando um difícil momento como a pandemia da Covid-19, acredito que novos tempos virão.  Novos desafios, novas demandas, novos comportamentos.

Então, a empresa que souber identificar, positivamente, uma oportunidade em um momento de crise como o atual, com certeza se destacará entre seus concorrentes. E isso é primordial.

Sobre Marcelo Trevisani – com mais de 20 anos de experiência como profissional nas áreas de Digital Marketing, Transformação Digital, Inovação, Chief Marketing Officer, é considerado um dos nomes mais relevantes da área.

Participou de grandes cases de Marketing Digital do Brasil para empresas como Tecnisa, BRF, Itaú, Coca-Cola, Nestlé e Vivo, além de ter sido finalista e vencedor em prêmios como Caboré 2017 e CMO 2019, respectivamente.

Atualmente, como Chief Marketing Officer, embasa seu trabalho em 3 pilares: Marketing – pelo foco no consumidor, Growth – pelo foco em crescimento de negócio e Marketing Digital e Growth Hacking – como facilitadora de trabalhos. Foi criador e professor do primeiro curso de pós-graduação em Marketing Digital do Brasil, além de professor de MBAs e Pós-Graduações por mais de 10 anos em instituições como ESPM, FGV Business School e FIAP.

Também é palestrante em eventos relacionados à Nova Economia, Transformação Digital, Marketing Digital e Growth Hacking em locais como ESPM, Endeavor, CUBO Itaú, SEBRAE, Digitalks, Casa Digital, ProXXima, Social Media Week, In Companies entre outros.

Redação
Equipe de Redação

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