Tecnologia

Tecnologia é fundamental para facilitar o processo de legalização de novos negócios no Brasil

tecnologia
0

* Por Miklos Grof, CEO da Company Hero

Imagine se todo o recurso humano e dinheiro envolvidos no processo de abertura e legalização de uma empresa no Brasil fossem utilizados para promover mais eficiência e valor agregado para a sociedade?

O cenário da legalização de empresas por aqui ainda sofre forte influência de uma herança enraizada que vem desde o sistema colonial.

Naquele período, Portugal mantinha no país ‘pessoas de sua confiança’, encarregadas de auditar, autorizar e taxar qualquer processo ou protocolo, por uma necessidade de gerenciamento, afirmação do poder e controle.

Por sua vez, quem detinha o poder de protocolar no Brasil reforçava ainda mais a necessidade de diversas etapas, papéis, processos, carimbos e taxações.

Essa mentalidade nunca abandonou o país, e ainda temos a sensação de que os gatekeepers — profissionais que se encarregam de administrar e organizar o dia a dia de um outro profissional — são parte inerente ao processo de abrir, legalizar e manter ativa uma empresa.

Teia de processos

A teia de processos, órgãos e etapas se tornou extremamente complexa no Brasil, criando e sustentando um mercado rentável de intermediários. 

Há quem diga que a burocracia brasileira é uma grande bagunça, mas, na verdade, temos processos bem definidos. A dor é que contamos com muitas etapas, e várias delas são totalmente desnecessárias a partir do avanço da tecnologia em pleno século 21.

São tantos trâmites que apenas os sábios veteranos da burocracia sabem navegar; e isso gera um enorme desperdício de tempo, investimento e grande insegurança para quem quer empreender — mas também produz uma máquina de empregos e custos que beneficiam quem está na teia do sistema.

O sistema é tão arraigado que qualquer alteração provoca um impacto significativo em receitas e empregabilidade. Por esse motivo, existe uma forte resistência das autoridades políticas em propor mudanças e melhorias no procedimento de legalização de uma empresa no Brasil.

Para se ter uma ideia, em 2020, apenas as taxas de abertura de empresas nas Juntas Comerciais variavam de R$58 a R$503, dependendo do Estado e tipo de CNPJ.

Além disso, os custos também variam de acordo com o tipo de atividade (CNAE), segmento (indústria, comércio ou serviço) e município.

Se considerarmos a média otimista de R$ 300 em taxas para legalizar um negócio, multiplicado pelas 3.359.750 de empresas abertas apenas em 2020 (levantamento do Mapa das Empresas – Ministério da Economia), poderíamos estimar mais de R$1 bilhão em contribuições das pessoas que começaram a empreender no último ano no país.

Com esse montante, seria possível imunizar o estado inteiro do Paraná com duas doses de vacina contra a covid-19. Mas esse é um recurso perdido.

Negócios que nem saem do papel

Provavelmente, o pior cenário que a teia de burocracias gera no país é a quantidade de negócios que nem saem do papel ou que permanecem na informalidade — devido ao receio da formalização por parte dos empresários.

Sim, isso mesmo: o empresário brasileiro, muitas vezes, tem medo de empreender e ter sucesso. Segundo levantamento do Sebrae, apenas 32% dos empreendedores do país estavam formalizados com um CNPJ no 1º trimestre de 2020.

Um processo mais simples, ágil e barato teria um impacto enorme em nossa economia, incentivaria a criação e desenvolvimento de novos serviços e produtos e, consequentemente, mais oportunidades de emprego e receita em impostos.

O Brasil está na 12ª posição entre as 20 maiores economias globais pelo Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, observamos um panorama oposto no ranking Doing Business 2020, que revela o Brasil na modesta 124ª posição em relação à facilidade de abertura de novos negócios, enquanto países como Estados Unidos da América (6ª posição) e Reino Unido (8ª posição) ocupam lugares de destaque.

Se tivéssemos maior facilidade em fazer negócios por aqui, o Brasil poderia decolar como uma nação de destaque no futuro e teria muito mais chances de alcançar o top 5 das economias mundiais. Porém, esse cenário ainda está distante do nosso presente.

No Brasil, o fator que mais dificulta a abertura de um negócio é a ausência de informações transparentes em um sistema único, indo na contramão dos processos em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, é possível abrir uma empresa de forma fácil, com investimento a partir de US$ 400 e em cerca de 10 dias.

No Reino Unido, com 12 libras esterlinas e em cinco minutos uma pessoa preenche um cadastro para abrir seu negócio sozinha: seguindo etapas claras pela internet, em três horas a empresa estará registrada em sistema e legalizada para operar.

Hoje, vemos prestadores de serviços, autônomos e empresários brasileiros convivendo com a evolução exponencial em vários setores (comunicação, finanças, saúde, indústria e varejo) por meio de diversas soluções que garantem agilidade e facilidade em suas vidas, enquanto, ao mesmo tempo, lidam com esse modelo lento e arcaico do sistema de legalização de negócios.

Felizmente, algumas empresas começam a confrontar fortemente o sistema e trabalham ativamente para mudar esse cenário para as PMEs. Com apoio da tecnologia, muitas soluções têm sido desenvolvidas para descomplicar essa jornada dos empreendedores. O seu uso maciço é o fator mais decisivo para mudarmos o cenário de legalização de empresas no Brasil.

Inovação

Com inovação via APIs, bots, machine learning, painéis de dados em tempo real e fluxos conversacionais automatizados, será possível otimizar a experiência de ter um negócio.

Mais do que isso: com a tecnologia a favor da simplificação e organização do acesso à informação, por meio de custos transparentes e etapas em sua ordem correta, poderemos otimizar a experiência dos empresários e, assim, ajudar que mais negócios sejam criados, gerem empregos e desenvolvam novos serviços e produtos para a nossa economia.

Por meio das soluções atuais e futuras que estão por vir no mercado de legalização e desenvolvimento de empresas, a tendência é de que a jornada seja bem menos tortuosa, com mais transparência e digitalização, empoderamento dos empreendedores e padronização dos processos.

Com essa evolução, acredito que estaremos caminhando na direção certa para mudar a nossa realidade, nossa economia e, finalmente, sair da velha trilha cheia de pedras e entrar em um caminho livre para o Brasil do futuro.

* Miklos Grof é CEO da Company Hero, startup que soluciona dores e elimina barreiras na jornada de prestadores de serviços e PMEs, e que ajudou a simplificar a legalização de mais de 6 mil empresas no Brasil em cinco anos.

Miklos Grof, CEO da Company Hero

Redação
Equipe de Redação

SAS lança programa de estágio para formar cientistas de dados

Artigo Anterior

Como é a relação humana dentro de sua empresa?

Próximo Artigo

Publicações Populares

Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso. Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies

The cookie settings on this website are set to "allow cookies" to give you the best browsing experience possible. If you continue to use this website without changing your cookie settings or you click "Accept" below then you are consenting to this.

Close