* Por Gilson Missawa
Se você é fã dos filmes da Marvel os nomes JARVIS, FRIDAY e EDITH devem lhe ser familiares. Mas, se você não é um Marvel maníaco, talvez não saiba que esses são os sistemas de inteligência artificial desenvolvidos pelo personagem Tony Stark, no filme Homem de Ferro. Cada um deles é uma evolução do anterior e todos têm o mesmo objetivo: ajudar o protagonista atuando como assistente pessoal.
Saindo das telonas do cinema para a vida real, aplicações de inteligência artificial (IA) que ajudem o ser humano a executar melhor as tarefas e, também, a tomar decisões mais assertivas, terão maior projeção de crescimento nos próximos anos, segundo o Gartner. A previsão é que em 2030, 44% dos negócios gerados por IA sejam oriundos desse tipo de iniciativa.
O Gartner chama isso de Human Augmentation, ou mais especificamente Augmented Intelligence, que está dentro da estratégia de Hyperautomation (uma das tendências tecnológicas estratégicas de 2021). “Espere que tudo o que pode e deva ser automatizado será automatizado. Todo o resto deve ser ‘aumentado’ (augmented). Melhorando as decisões de negócios”, afirma a empresa de consultoria.
Quer saber que mudanças isso pode trazer?
Parceria entre pessoas e inteligência artificial
Atualmente, Augmented Intelligence é definido como um padrão de design para um modelo de parceria centrado no ser humano, onde pessoas e inteligência artificial trabalham juntas para melhorar o desempenho cognitivo, incluindo aprendizagem, tomada de decisão e novas experiências.
A automação irá possibilitar com que o time deixe de executar tarefas manuais e repetitivas e passe a gastar mais tempo em atividades de maior valor agregado, permitindo oferecer serviços personalizados para os clientes. Estas atividades, por sua vez, serão transformadas pelos sistemas de Augmented Intelligence, empoderando os seres humanos para serem mais eficientes, eficazes e inteligentes e, consequentemente, mais felizes também.
Não posso negar: existe uma tendência em automatizar atividades, mas ela precisa ser complementada com o toque e o bom senso humano para gerenciar os riscos das decisões automatizadas.
Entrega de conveniência e personalização para os clientes
Quando falamos de sistemas de Augmented Intelligence, uma das áreas que pode se beneficiar mais é a de experiência do cliente. É que esses sistemas permitirão às empresas mais agilidade e redução de erros enquanto entregam para o cliente conveniência e personalização em escala.
Sistemas com aplicações de conhecimentos especializados são os primeiros a aproveitar dessa tecnologia. Posso citar exemplos nas áreas jurídicas auxiliando advogados na coleta de informações e tomada de decisões, na área financeira auxiliando na sugestão de investimentos para seus clientes, no suporte técnico auxiliando na resolução de problemas, entre outros. Todos eles geram mais agilidade aos clientes e consequentemente, satisfação.
Criação de novas carreiras e extinção de outras
A previsão é que a adoção crescente de Augmented Intelligence traga grande impacto no futuro do trabalho. Novas carreiras devem ser criadas, enquanto outras podem ser extintas.
Em 2020 vi este processo acelerar. Uma pesquisa da Mckinsey mostrou que muitas empresas implementaram, ou estão implementando, soluções de automação e IA para reduzir a densidade no trabalho e atender a demanda crescente. O estudo reforça que áreas de trabalho com alto nível de interação humana estão mais suscetíveis a serem automatizadas. Em muitos casos, esses trabalhos serão extintos.
No entanto, outras carreiras vão surgir e o ser humano terá que se adaptar e aceitar que, cada vez mais, precisa trabalhar em conjunto com a máquina; e as tecnologias de Augmented Intelligence podem auxiliar neste processo. Espera-se que a inteligência artificial ajude uma variedade de profissões, incluindo diagnóstico médico, redação técnica, suporte de saúde, contabilidade, ciência forense, serviços jurídicos e finanças.
Por fim, gostaria de deixar dois alertas. O primeiro vai para os profissionais (pessoa física), para que ajam com rapidez e se preparem para esta nova realidade. O segundo é para as companhias, que precisam incentivar os colaboradores neste processo e olhar de modo estratégico para este tipo de inovação, a fim de continuar tendo vantagem competitiva.
*Gilson Missawa é Head de Oferta e Marketing da Icaro Tech