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Atualmente, o modelo de Inovação Aberta, proposto por Henry Chesbrough, da Universidade da Califórnia – Berkeley, no início da década de 2000, já se difundiu mundialmente. Em resumo, o modelo propõe que a empresa fertilize seu processo de inovação, aproveitando mais as oportunidades que existem, de forma aberta, em outras bases tecnológicas, além da sua Base Tecnológica Interna, como, por exemplo, de universidades e instituições de pesquisa, alimentando a boca e ao longo do cone de seu funil da inovação.

No entanto, nos anos recentes, uma estratégia ganhou notável relevância, dentre aquelas que a empresa desenvolve para inovar. Basicamente, ela consiste em fazer uso intensivo de startups na busca por inovação no mercado. Ou seja, a Base Tecnológica Externa e as Tecnologias Entrantes, são protagonizadas essencialmente por startups. Além disto, este uso intensivo ajuda a desenvolver uma cultura empreendedora e inovadora, que não é facilmente observada em empresas estruturadas, onde se requer uma mudança comportamental profunda. Esta cultura, que é mais facilmente encontrada nas startups, também é altamente desejável, senão, imprescindível para a empresa que necessita desenvolver suas inovações e, até mesmo, para interagir com as startups.

Um dos meios de se fazer isso é por meio do chamado “spin-in”. Essa estratégia de adquirir e trazer para dentro não é nova e já vem sendo utilizada largamente por grandes empresas há muitos anos, principalmente aquelas intensivas em Tecnologia da Informação, como Google, Facebook e Amazon.  Essas, como exemplos, fazem uso da estratégia de “spin-in”, adquirindo dezenas de startups por ano. Ou seja, resumidamente, adquirem inovações, adquirindo startups.

No entanto, as startups são importantes para as empresas em geral, não somente para serem adquiridas, mas para ajudá-las a inovar, muitas vezes para trazer-lhes a própria inovação. Isto é facilmente constatado, quando se trata de inovação de processo. Organizações que desejam inovar em suas áreas de apoio ao negócio, como Recursos Humanos, Compras, Financeiro, Contabilidade, Patrimônio, Contratos, Viagens, Legal & Jurídico etc., encontram nas startups as melhores propostas de inovação nestas suas áreas. É tão visível o potencial destas “techs” que até já as tratamos em grupo, como as HRtechs (recursos humanos), Legaltechs (legal & jurídico), Adtechs (publicidade & propaganda), Martechs (marketing digital), etc.

Mas não necessariamente estas relações com as startups ficam restritas às inovações em processo, apesar de mais visível a elas. Agritechs, Cleantechs, Edtechs, Fintechs, Foodtechs, Govtechs, Healthtechs, e Retailtechs, por exemplo, podem ser grandes parceiros de empresas em seus mercados, para desenvolvimento de novos produtos e novos negócios, e viabilizarem o “go-to-market” mais rapidamente e assertivamente.

O mundo tecnológico mudou já faz algum tempo com a intensidade do número de empresas startups de tecnologia e o volume de negócios tecnológicos que elas representam, em todos os mercados.

Portanto, a estratégia de Inovação Aberta baseada em startups, indiscutivelmente, já está sendo intensamente praticada. Priorizando a busca por inovação no mercado, algumas empresas até iniciam um esvaziamento de sua Base Tecnológica Interna (P&D interno), e concentram a Base Tecnológica Externa e as Tecnologias Entrantes, protagonizadas por esta estratégia.

Sem medo de errar, pode-se afirmar que as startups subverteram a ordem econômica, “disruptivamente”, e agora estão também contribuindo para transformar as empresas com as quais interagem, trazendo inovação e cooperando para o desenvolvendo de uma cultura inovadora, essencial para a sobrevivência de qualquer empresa no mercado nos dias de hoje.

Enfim, a dinâmica da Inovação Aberta parece ter sido atacada de forma disruptiva por uma “pandemia do bem para a inovação”, cujo vírus é a startup.

Eduardo Grizendi

*Eduardo Grizendi é Diretor de Engenharia e Operações da RNP – Rede Nacional de Ensino e Pesquisa

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